O Presidente do Sindicato de Atletas de São Paulo (SAPESP), respondeu importantes perguntas a respeito dos impactos causados pela pandemia COVID-19 no futebol nacional.

O futebol e o esporte como um todo podem ser fortemente impactados pela pandemia do COVID-19 no País, a dimensão dos danos será proporcional à duração da pandemia, podendo causar pesados prejuízos a atletas e equipes.
Sim. Temos a consciência que hoje o futebol é segundo plano, mas, é inegável o quanto essa paixão faz falta. Pensando nisso, resolvemos buscar respostas de especialistas do mundo da bola, que convivem ou conviveram no dia a dia do futebol.
Rinaldo Martorelli, respondeu a nossa equipe e compartilhou a sua opinião a respeito de questões tão complexas que são reflexos dessa terrível pandemia.
São três perguntas que foram contextualizadas por Luan Rodrigues.
1) A pandemia do coronavírus paralisou o esporte no Brasil e no mundo. Este cenário traz impactos financeiros drásticos: contratos de TV, patrocinadores, programas de sócios-torcedores, vínculos de atletas, bilheteria e premiações ficam sob suspense enquanto a bola não volta a rolar.
Como sobreviver dois meses sem receitas, com a problemática dos contratos curtos e as mesmas despesas?
Rinaldo Martorelli:
O que a gente tem visto é que não tem fórmula para sobreviver nessa fase. Tem clube que está fazendo promoção com brindes e prêmios, tem pedido para a torcida. Cada um tem uma forma de fazer, tem clube que está pedindo dinheiro para CBF. Tem torcida que está se mobilizando sem que o clube peça para ajudar. O problema é muito maior que a responsabilidade da gestão ou a irresponsabilidade já vem ocorrendo a bastante tempo. Então não dá para criar uma fórmula, quem não está preparado que é 99% dos clubes brasileiros estão passando por aperto mesmo. Quem tiver condição de buscar crédito irá buscar e são poucos porque as dívidas são muito altas. E quem não tiver, vai ter que buscar outros apoiadores. O problema dos contratos esse é o menor, porque a prorrogação dos contratos através de um acordo com o sindicato é tranquilo, a instituição não está aqui para atrapalhar esse é o menor dos problemas.
2) A solução para o calendário ainda está sendo discutida. Os estaduais serão encurtados e o Brasileirão começará na data programada? Será mantido o sistema de pontos corridos? Haverá uma Série A com menos datas e a volta do mata-mata? Alinhamento ao calendário europeu?
Qual a sua opinião a respeito?
Rinaldo Martorelli:
As projeções que a gente tem feito são inconsistentes, nós não temos uma noção exata de quando isso acaba, embora na Europa, principalmente na Alemanha os clubes estão voltando aos poucos a treinar, prevendo a continuidade da competição, então não dá pra gente fazer uma projeção. Ai a partir do momento que puder voltar tem que se discutir qual a fórmula de competição: se é de pontos corridos ou de mata a mata. O alinhamento em relação ao calendário Europeu eu acho isso uma bobagem, porque lá eles param no verão deles, como é o nosso caso aqui. Antigamente se falava muito nisso para não perder atletas para a Europa por conta da janela de transferências. Para se evitar fazendo com que as janelas se equiparassem, para que quando o atleta brasileiro pudesse ir, ele não saísse no meio da competição daqui. Mas, como os clubes estão muito desestruturados continuaram perdendo atletas na janela de fora, não é esse o problema.
3) “Se sou sócio de um clube e, nele, além da mensalidade, pago ginástica, academia, escolinha dos meus filhos, o pensamento é de cancelar este custo.”
É neste momento que entra também a conscientização do torcedor de que todos devem ajudar.
Na sua opinião, qual postura o clube deve tomar/adotar para viabilizar e/ou compensar o torcedor?
Rinaldo Martorelli:
Vai muito da sensibilidade do torcedor, do sócio com relação à gestão desse clube. Da mesma forma como eu tenho dito que vale a sensibilidade na relação entre jogador e dirigente para saber se de fato, esse clube está passando por necessidade, ou está querendo se aproveitar do Coronavírus para reduzir salário. Vale a sensibilidade na relação. Então tenho certeza que o sócio, aquele que é bem tratado e frequenta um clube que dá um retorno para ele do serviço que ele paga, se for satisfatório ele vai continuar a pagando a mensalidade. Tudo depende da forma que as coisas eram tratadas no passado. Porque agora não dá tempo de recuperar então a análise e avaliação é feita ao longo de um tempo, tem um histórico que antecede, não dá pra querer agora, nessas condições e nesse tempo, criar um ambiente diferente. O ambiente anterior é que vai sustentar as finanças dos clubes.
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